terça-feira, 31 de maio de 2016

Sobre bruxaria..

Sempre me interessei por bruxaria, sempre, desde de criança. Adorava as histórias de mulheres perigosas que viviam isoladas nas florestas e atraiam crianças para fazer sopa. E também me interessava sobre bruxas modernas, daquelas que prendem crianças em maldições terríveis ou as transformam em ratos.
Para falar a verdade, até quis ser uma bruxa. Fazer magias e poções, nem que fosse pelo meu bem estar e pela prosperidade de quem eu amo. Quem disse que as bruxas são todas más?
Nada de nariz pontudo com verruga, isso não é nada além de lendas que eram contadas à crianças que viviam perto de florestas, a fim de deixá-las afastadas para não serem atacadas por animais ou evitar que ficassem perdidas, mas as bruxas existiram. Elas eram cada curandeira, cada mulher que tinha um Deus diferente dos demais, cada moça que fazia sua oração sozinha. 
Existem bruxas de todos os tipos, da mesma forma que existem pessoas de todos os tipos. Quanto preconceito essas mulheres sofreram... 
Eu mesma confesso, já pratiquei um ritual, não sei exatamente qual. Quando me vi num momento de extremo desespero fechei meus olhos e pedi proteção, não sei bem para quem. Pedi que tudo ficasse bem e eu faria muito esforço pra ser uma pessoa melhor em troca. Não sei com quem eu estava falando, mas estava falando para alguém. Gosto de acender velas também. Elas me trazem conforto, não sei por que também, me fazem sentir bem. 
Seriam esses motivos que me levariam à fogueira tempos atrás?

Se quiser ter uma visão mais ampla sobre bruxas:
  • Filme A Bruxa      
  • Livro As Bruxas - Roald Dahl
  • Livro Os Contos de Beedle o Bardo - JKRowling  

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Minha situação depois das 4h20

Essa ideia teve origem após viradas e mais viradas na cama. São momentos como esses, que chego a chorar diante de Deus, pedindo para que me faças dormir. Precisava dormir o mais cedo possível e de preferencia, confortavelmente, para no dia seguinte, conseguir resolver as questões do vestibular.
Fiquei imaginando se os travesseiros armazenariam nossos pensamentos. De acordo com a uma teoria da física quântica, tudo é energia; inclusive nossos pensamentos. Mas porquê fiquei curiosa com a possibilidade de nossos travesseiros terem essa capacidade ? Simplesmente porque não é a primeira vez que não consigo dormir bem com ele. "Mas e daí, isso não significa nada". Exatamente! Isso não significa nada. É porque, quando durmo com o travesseiro novo, ou com um travesseiro de hotel, durmo tranquilamente bem. Sendo um travesseiro de hotel, ou um novo, os pensamentos ainda não estão alojados em suas entranhas.
Mas tudo isso só aconteceu mesmo, depois das 4h20

sábado, 28 de novembro de 2015

As Crianças xexelentas

Lembro daquele dia. Minha função era apenas pegar os meninos. Aquele tempo nublado me causava um desconforto. Se de repente resolvesse chover, estaria perdida.  O caminho até a primeira casa, exigia um pouco mais dos meus joelhos. Se tratava de um morro cheio de pedras cobertas por lodo, um deslise se quer e ganharia um rasgão em meu corpo. Mas ainda assim consegui atravessar.
 Quando bati na primeira porta, uma criatura comprimida e magra como um cabo de vassoura a
atendeu. Apesar de sua repugnante aparência, fui muito bem recebida. 
 A criatura desceu as velhas escadas e me trouxe uma criança.  Sabia que faria aquele trajeto várias vezes, então busquei logo saber o nome dela. Por coincidência ou não, tínhamos o mesmo nome. Não demorou muito para que o trem chegasse.  Já a segunda casa foi totalmente diferente. Não podíamos bater na porta, tínhamos que esperar o sinal tocar. Assim como eu, havia vários guimerleiros a espera das crianças.  Os minutos em que fiquei esperando, observei os rostos das pessoas que estavam ao meu redor. Em sua maioria com aquela expressão de cansaço não vendo a hora de poderem retornar. Minha mente passou a vaguear pelo cenário. Nunca imaginei que um dia me encontraria naquele lugar, nunca imagine que seria uma guimerleira, os pensamentos eram tantos que começava a causar dor de cabeça. Um ruído de ferro arrastando em concreto indicava que os portões haviam sido abertos. Quando retornei a mim, dei um salto e peguei as crianças. Guiei-as até um vagão. Aquela foi a minha primeira vez que estive com as crianças xexelentas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Assobiador


Todos no condado estavam felizes quando chegou o aviso da vinda do Assobiador. Ele viria do sul partindo para o norte e ficaria na cidade por sete dias. Mas por que tanta animação, você deve estar se perguntando? 
O Assobiador era um tocador de flautas encantadas. Elas aliviavam as tensões dos ombros dos trabalhadores, amaciavam as mãos das lavadeiras e levavam sorrisos para todos os lados. A cidade ficava em festa e todas as noites o assobiador fazia um show. Sob um palco improvisado com barris e tábuas, acendia-se uma fogueira em uma praça e bandeiras eram erguidas. Havia até quem se atrevia a soltar fogos coloridos no céu. Até os rostos mais rabugentos da cidade estavam olhando pelas janelas. As ciganas levavam pandeiros e chocalhos, as crianças dançavam em um pé só. Não havia tristeza, só risadas, aplausos e o som da flauta durante uma semana. 
No fim da noite as pessoas que quisessem poderiam jogar moedas no palco. Alguns diziam que ele era filho de uma feiticeira que havia encantado as flautas, outros diziam que ele era um mago pois não havia como se sustentar apenas com as moedas que eram jogadas no palco. Mas as únicas coisas que ele tem são um cavalo, suas flautas e uma pequena carrocinha, diziam outros. Talvez ele tenha outro emprego. Mas ninguém procurava a fundo, gostavam do Assobiador e respeitavam sua privacidade. Nem mesmo seu nome sabiam. Só sabiam que quando ele vinha a cidade se enchia da mais linda magia, a alegria. 
Várias pessoas o ofereciam suas casas para estadia e comida em troca de uma música. Ele sempre agradecia, pagava sua dívida e no fim da semana seguia em frente, para a próxima cidade sortuda. Ele não tinha tempo certo para voltar, mas decerto as pessoas esperariam por sua volta. 
E então no sétimo dia ele montava sua carrocinha e adentrava a floresta com a Lua prateada lá em cima. Parecia que as próprias flautas tocavam sozinhas enquanto ele acenava...